quarta-feira, 19 de março de 2014

Usina Hidrelétrica de Sobradinho (Bahia) e um pulinho em Juazeiro

A Usina Hidrelétrica de Sobradinho é um aproveitamento hidrelétrico localizado no Rio São Francisco, no estado da Bahia, cerca de 40 km a montante das cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE e distante, aproximadamente 470 km do complexo hidroenergético de Paulo Afonso. A Usina Hidrelétrica tem uma potência instalada a 1.050 MW e conta com 6 máquinas geradoras.

A Usina está posicionada no rio São Francisco a 748 km de sua foz, possuindo, além da função de geração de energia elétrica, a de principal fonte de regularização dos recurso hídricos da região.

Fonte: Site Online

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A visita técnica a Usina Hidrelétrica de Sobradinho ocorreu no mês de Dezembro de 2011 (dia 15 ao dia 19).


Imagem retirada do Google Maps. Mossoró (A) para Petrolina (B).

A viajem demorou cerca de 9 horas. Assim como as outras viagens, não ocorreu nenhum tipo de imprevisto no trânsito durante o trajeto (apenas em quase ser esquecida na faculdade por ter ido ao banheiro... bem minha cara acontecer esse tipo de coisa).

Assim que chegamos em Pernambuco o professor nos levou para conhecer as obras da transposição do Rio São Francisco. O ônibus parou ao lado de uma das infraestruturas que levariam a água do Rio São Francisco para outras áreas do nordeste. 

 
Trecho da transposição no estado de Pernambuco


No trecho que paramos para ver as obras não haviam nenhum tipo de dano na estrutura da obra, mas em alguns sites, revistas e jornais relatam que há trechos com uma grande precariedade nas instalações, por abandono ou materiais de qualidade inferior.

Foto retirada do site: Desacato


Foto retirada do site: Estadão

Depois fomos visitar uma das várias vinícolas do estado de Pernambuco.


Conhecemos um pouco sobre o processamento do vinho, desde o plantio das uvas até o processo de distribuição e no fim degustamos e alguns compraram vinhos para levar de presente. 


E logo depois fomos conhecer a Embrapa da região, fomos recebidos por um dos técnicos onde nos deu uma palestra sobre os projetos que eles estavam participando e executando (minha câmera pirou, colocou a data nas fotos sem minha permissão e não me deixou tirar a data...que por sinal estava errada).

Créditos na foto

Chegando na Bahia, nos hospedamos na UNIVASF. 


No dia seguinte iriamos ter o dia de folga, então seria um momento perfeito para conhecer as cidades.
Por mais que a turma tenha dormido no lado da Bahia, o lado de Pernambuco pareceu mais atrativo e seguro. 

Como a Universidade ficava a poucos quarteirões da divisa das cidades, saímos explorando a pé. A única coisa que incomodava era o calor, mas isso era fácil de ser resolvido. 

Recebemos algumas dicas do professor de por onde andar e como voltar, afinal era a primeira vez que íamos aquela cidade e não conhecíamos ninguém. 

Andamos cerca de 15 ou 20 minutos até encontrar a divisa (quando falo em "a divisa" me refiro a ponte que liga os dois estados). Conhecemos o Vapor Saldanha Marinho, ainda no lado da Bahia.

Foto retirada do site: SkyScraperCity

O chato é que não tinha ninguém pra explicar o 'porque' daquele barco estar ali, o bom é que você pode entrar para tirar fotos e se imaginar navegando pelos rios do São Francisco. Pode ser que tenha alguma placa informativa por perto, mas não me lembro se vi.

O quarteto inseparável


Quando retornei para casa pesquisei sobre os lugares que fomos e descobri o seguinte: O "Vaporzinho", como era chamado o Vapor Saldanha Marinho, foi a primeira embarcação a vapor a navegar pelo Rio São Francisco. 

Sentimos a água gelada e de correnteza forte do rio. Também percebemos que ele é um pouco poluído, pelo menos nesse ponto.

Petrolina-PE, na paisagem de trás da foto.

Tínhamos algumas opções de atravessar o rio, mas optamos por ir de barquinha (como é chamado por lá). Na época eles cobravam R$ 0,90 centavos por pessoa (somente a ida). Em alguns minutos chegamos no lado de Pernambuco.

Em Petrolina conhecemos a Catedral.


Depois de encontrar placa de guia de turismo criamos coragem e resolvemos conhecer o shopping. Olhando pela placa não parecia muito longe e com as informações cedidas pela população nos tivemos quase certeza disso. Se não fosse o Sol e o calor teríamos chegado no shopping bem rapidinho, mas demorou um pouco mais que o esperado. Pouco tempo depois encontramos o professor e mais algumas pessoas da turma andando pelo shopping, diferente de nos 4, eles pegaram um táxi para ir direto ao shopping.


Conhecemos a igreja cede de Petrolina, um sedo (é claro que comprei um livro), na orla nos apaixonamos pelas bicicletas de uso coletivo (pena que ninguém tinha o cartão para usa-las).


De volta a Juazeiro encontramos uma loja de artesanato (a única nas 2 cidades, pelo menos foi a única que vimos), que tinha uma grande carranca convidativa para conhecer o local (comprei uma carranquinha).


Uma das funcionarias nos explicou sobre as lendas que existiam por ali, a mais curiosa era a do "Nego D´Água", que inclusive tinha uma estatua dele dentro do rio. 

Sobre a Casa do Artesão: Fundada em 2010 pela administração do Prefeito Issac Carvalho, a Casa do Artesão reúne em um único espaço, peças que retratam a cultura regional como: trabalho e o cotidiano, a culinária e as festas, os mitos e os ritos, personagens como as lavadeiras, os violeiros, pescadores, barqueiros, lavradores, vaqueiros e carrancas, simbolizando a memória social do município e região.

O horário de funcionamento é de terça a sábado, das 10 horas as 21 horas e domingo das 14h as 21h.

Minha Carranquinha - Lembrança de Juazeiro (e Petrolina)


No dia seguinte fomos conhecer as instalações da Usina Hidrelétrica de Sobradinho. Mas antes pegamos uma outra estrada para conhecer o "mirante de Sobradinho", como algumas pessoas chamavam. Uma estrada estreita e de terra subia um morro muito alto, o negócio era tão estreito que senti vontade de descer do ônibus e subir a pé (medrosa!). Obs: não tenho medo de altura, o problema era o medo de cair de um precipício dentro do ônibus, onde eu não poderia me segurar em nada.

Imagem retirada do site Paulinha Portes

Todo o meu medo sumiu quando vi a paisagem lá de cima. 


"O Sertão vai virar mar"

O silêncio, o vento e a paisagem são absurdamente magnificas, um contraste da vegetação seca e espinhenta da caatinga com uma imensidão de água doce. Nunca tinha visto tanta água (doce). O professor disse que em certos pontos no meio do lago não importa a direção que você olhe, existira apenas água e mais nada.


Mas todas as coisas boas uma hora ou outra somem. Para ir embora teríamos que encarar a mesma estradinha de antes. Olhando pela janela eu só via o precipício. Até agora não sei qual foi a mágica que o motorista fez pra poder manobrar o ônibus lá em cima do mirante.

Estrada. Imagem retirada do site Paulinha Portes

Pegamos outra estrada e alguns minutos havíamos chegado na Usina Hidrelétrica de Sobradinho. 

Vista aérea da Usina Hidrelétrica de Sobradinho 

¬Dados:

Usina
ProprietárioCHESF
Inicio Obras06/73
Inicio Operação11/79
RioSão Francisco
Longitude40° 50' Oeste
Latitude9° 35' Sul
Distância da foz747,80 km
Município / EstadoSobradinho - BA
Tipo de construçãoExterna
Potência instalada1.050.300 kW ( 6 UGs )

Reservatório
Área de reservatório na cota 392,50 m4.214 km2
Volume total do reservatório34.116 Hm 3
Volume útil do reservatório28.669 Hm 3
Vazão regularizada2.060 m3/s
Nível máximo maximorum393,50 m
Nível máximo operativo normal392,50 m
Nível mínimo operativo normal380,50 m

¬A Usina está posicionada no rio São Francisco a 748 km de sua foz, possuindo, além da função de geração de energia elétrica, a de principal fonte de regularização dos recursos hídricos da região.


¬O reservatório de Sobradinho tem cerca de 320 km de extensão, com uma superfície de espelho d´agua de 4.214 km² e uma capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos em sua cota nominal de 392,50 m, constituindo-se o maior lago artificial do mundo, garantindo assim, através de uma depleção de até 12 m, juntamente com o reservatório de Três Marias/CEMIG, uma vazão regularizada de 2.060 m³/s nos períodos de estiagem, permitindo a operação de todas as usinas da CHESF situadas ao longo do Rio São Francisco.

Créditos na imagem

¬Incorpora-se a esse aproveitamento de grande porte uma eclusa, de propriedade da CODEBA - Companhia Docas do Estado da Bahia, cuja câmara tem 120 m de comprimento por 17 de largura permitindo ás embarcações vencerem o desnível de 32,5 metros criados pela barragem, garantindo assim a continuidade da tradicional navegação entre o trecho do Rio São Francisco compreendido entre as cidades de Pirapora/MG e Juazeiro/BA - Petrolina/PE.

¬Trecho e dados retirados do site oficial da Chesf

As visitações são acompanhadas por um funcionário da hidrelétrica, as visitações também devem ser agendadas com antecipação.

Conhecemos todo o processo da construção da Usina, como os planejamentos para a execução da criação da usina, fornecimento e o funcionamento interno e esterno da usina hidrelétrica.


Segundo o guia, a construção do reservatório inundou aproximadamente 4.210 km², devido a isso em torno de 12.000 famílias tiveram que ser realocadas em outros municípios. O Projeto lago de Sobradinho informa que a CHESF, possui um Programa de Responsabilidade Social que busca reduzir/superar as dificuldades enfrentadas pelas populações que moram na proximidade do lago, como os exercidos nos estudos realizados pela Fundação Josué de Castro (2005) e pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e o financiamento de outros projetos, como os desenvolvidos pela Embrapa Semiárido.

No dia em que fomos visitar a hidrelétrica a eclusa não estava funcionando porque não tinha nenhum barco (uma pena). 


Mesmo não tendo visto direi como funciona uma eclusa:

Imagens da eclusa da Hidrelétrica de Sobradinho

Como á um barramento da água, o rio é dividido em 2 níveis, um nível que corresponde ao do barramento da água (que na maioria das vezes é o mais alto, devido ao acúmulo de um grande volume de água) e a do rio que fica do outro lado do barramento. 

A eclusa deve funcionar tanto para quem deseja navegar nas águas da hidrelétrica quanto para aqueles que desejam sair das águas da hidrelétrica e seguir o caminho do rio.

O barco entra em um espaço que é fechado dos dois lados. Se ele tiver saído da parte alta para ir para a parte baixa a eclusa retira a água extra para nivelar ao curso da água que seguirá, se ele tiver saído da parte baixa para ir para a parte alta a eclusa adicionará água para nivelar ao novo trajeto. 


Agora, falando sobre os problemas que o guia não falou profundamente... Assim como ocorreu no Açude do Castanhão e como ocorre em outras (se não todas) as barragens, açudes e hidrelétricas, ocorre a ocupação de água onde havia vegetação e comunidades. 

Alguns sites, revistas e blogs informam que a população não foi tão bem auxiliada como costumam dizer. 
  • A hidrelétrica iniciou suas atividades em 1979, mas apenas em 2004 que ela recebeu sua licença ambiental (Rios Vivos). 
  • As águas da Hidrelétrica de Sobradinho submergiram 4 cidades e vários vilarejos, deixando mais de 17 mil pessoas desalojadas. As pessoas não foram simplesmente desalojadas, elas foram expulsas com violência e sem poder levar muita coisa consigo, houve até o denuncio de que aquela era a "maior migração humana forçada após a 2° Guerra Mundial" (Movimentos Sociais de Trabalhadores no Rio São Francisco). Os antigos moradores ainda (1979 - 2013) fazem protestos devido a falta de estrutura e sofrimento com a seca (Brasil de Fato). Parece piada, sair de um lugar pra dar espaço a água para depois sofrer por não tê-la...
  • As comunidades que foram desalojadas sofrem por falta de energia elétrica (outra piada). Segundo o site Mab Nacional (Movimento dos Atingidos por Barragens), a CHESF não consegue garantir energia elétrica para 60% dos povoados do município.

Imagem retirada do site Papo Físico

  • Outros problemas, não relacionados diretamente com os moradores desalojados, são a poluição, a escassez de água em alguns pontos do rio, a má distribuição da água, o desperdício entre outros.

Dentro da usina as coisas que o guia falava eram sobre as máquinas, equipamentos, funcionamentos... coisas que quem cursa Ecologia não dão muito valor (por que não entendem e não porque não prestam atenção! Pelo menos eu...).

Outras imagens da Hidrelétrica de Sobradinho:

Sala de máquinas

"Ufersianos"

Antes de ir embora, eu e mais duas amigas vimos uma passarela que levava até alguns metros para dentro do rio (não dentro da água, kkk), um bom lugar para tirar fotos. 


Ai aconteceu uma coisa engraçada, o nosso ônibus estava saindo sem a gente. Não adiantou correr, ele havia mesmo partido. Não estávamos com celular, não tinha ninguém vendendo água e não conhecíamos ninguém... bateu o desespero! Vimos o ônibus desaparecendo ao longo da estrada. Será que ninguém havia notado a nossa ausência? O jeito foi sentar e esperar, aquela estrada era a única que havíamos passado, então, provavelmente eles passariam ali novamente. Pouco tempo depois o ônibus apareceu no começo da estrada, parecíamos pipocas pulando pra chamar a atenção. Quando o ônibus se aproximou o suficiente vimos o professor e o motorista... rindo! Eles tinham ido fazer o contorno em um canto distante por falta de espaço pra o ônibus.

O fim de um pequeno pânico

Á noite, fomos conhecer um dos pontos turísticos mais conhecidos de Pernambuco: o Bodódromo.



Um complexo gastronômico ao ar livre onde podem ser encontradas diversos restaurantes e lanches onde o ingrediente principal é o bode ou carneiro e lojas de artesanato.


   


Criei esse blog por causa dessa viajem. Tinha visto e conhecido tanta coisa legal e diferente que tinha de alguma maneira poder compartilhar com os outros. Essa foi uma das melhores viagens que havia feito com a UFERSA.

 


 

 

domingo, 16 de março de 2014

Parque Eólico de Canoa Quebrada e Projeto de Olho na Água

Sobre o Parque Eólico de Canoa Quebrada...

O Parque Eólico de Canoa Quebra é um parque de produção de energia eólico localizado no município de Aracati, no estado do Ceará, com potência instalada de 10,5 MW.

Instalado em 2008, nas dunas de Canoa-Quebrada, com o apoio do Governo Federal (BNDS/IBAMA), Governo Estadual (SEMACE) e Governo Municipal (PMA), mas com muita desconfiança por parte dos moradores de Canoa Quebrada e mais precisamente da praia do Estevão, Bairro/Vila de Pescadores, integrante da Unidade de Conservação da Natureza, a Área de Proteção Ambiental de Canoa-Quebrada, Lei Municipal: 40/98, que até hoje não sabem como tal equipamento conseguiu autorização para ser instalado em região eco-turística, onde as paisagens deveriam ser "Protegidas".

Fonte: Wikipedia

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Em novembro de 2011 (me esqueci o dia :p) a turma da disciplina de Biologia da Conservação viajou rumo ao Ceará para conhecer uma das várias usinas eólicas que foram construídas por todo o litoral.

Imagem retirada do Google Maps.
Caminho percorrido de Mossoró á Icapuí.

Quase uma hora e meia depois de sair de Mossoró havíamos chegado ao nosso destino, a cidade de Canoa Quebrada. Apesar de estarmos em uma das praias mais visitadas e conhecidas pelos turistas o nosso objetivo não era de conhecer as atrações turísticas mais populares do local, mais sim a de conhecer como é o funcionamento da usina eólica que localiza-se na cidade de Canoa Quebrada, a Usina Eólica Rosa dos Ventos. 


Com antecedência o professor da disciplina havia pedido uma permissão para a entrada de estudantes no local, fomos recebidos por funcionários que seriam os nossos guias, recebemos algumas instruções de segurança e cada aluno recebeu um capacete (item obrigatório). 

Parque Eólico Rosa dos Ventos
Imagem retirada do site Petronoticias

As Usinas Eólicas aproveitam a força da velocidade dos ventos para gerar eletricidade. Essas grandes hélices, que aparecem na imagem acima, devem ser instaladas em torres altas ou em locais altos e em locais privilegiados de uma grande quantidade de ventos, pois para o bom funcionamento dessa energia "limpa" é recomendado locais que tenham ventos fortes e contínuos. Segundo o guia, "quando não há vento eles paralisam o funcionamento de algumas hélices". A grande vantagem da usina eólica é a de que não existe nenhum tipo de poluição. 


Como os alunos eram do curso de Ecologia é claro que algum questionamento seria lançado sobre energia limpa para o guia e para o professor. A maioria das usinas que se encontram pela extensão do nosso litoral estão sobre dunas, para isso houve compactação do solo para poder erguer as torres, algum tipo de desmatamento ou impacto para o deslocamento de funcionários e equipamentos e o deslocamento de moradores (caso estivessem na área ou muito próximos da construção da usina). 

Vantagens das Usinas Eólicas:

Terreno pode ser utilizado para a agricultura ou pecuária

  • Fonte de energia inesgotável, segura e renovável;
  • Funciona durante o dia e a noite;
  • Instalação na terra ou no mar;
  • Fonte de energia barata;
  • Em pouco tempo os aerogeradores recuperam a energia gasta para sua fabricação; 
  • Não há emissão de gases poluentes;
  • Não requer muita manutenção;
  • Criação de empregos e
  • Terreno das usinas pode ser utilizado para a agricultura ou pecuária

Instalação na terra ou no mar
Imagem retirada do site Evolução Energia Eólica

Desvantagens das Usinas Eólicas:

Alto custo para o transporte dos equipamentos
Imagem retirada do site Energia Solar Residencial

  • Impacto visual;
  • Causam impacto sonoro (produzem ruídos constantes de aproximadamente 43 decibéis);
  • Devido ao ruido produzido pelas pás, as habitações devem estar localizadas a pelo menos 200 metros de distância;
  • Podem interferir na migração de algumas aves;
  • Problemas com os moradores locais e
  • Alto custo no transporte dos equipamentos da usina.

Interferência na migração das aves
Imagem retirada do site New Serrado

Transporte: Como vocês viram na primeira foto das desvantagens carregar uma parte do aerogerador requer uma grande carreta e mais 2 carros que fazem a escolta do equipamento, tudo isso para não danificar o equipamento, não ocorrer roubos ou qualquer outro problema. No final, o custo disso tudo junto não sai nada barato.

Soluções para algumas desvantagens:
  • Construção de aerogeradores menores:
    • Positivo: Reduz o impacto visual, a interferência da migração das aves e o barulho.
    • Negativo: Menor produção de energia.

  • Pintar as pás das hélices com outras cores:
    • Positivo: Animais se afastariam das hélices.
    • Negativo: Moradores poderiam não aprovar as novas cores.

Hélices pintadas para afastar os animais
Imagem e texto retirados do site Inhabitat

Essa ideia de pintar as hélices surgiu de uma pesquisa realizada pela Universidade de Loughborough, no Reino Unido. Segundo eles, as aves são atraídas por insetos que são atraídos pelo som que as hélices fazem. O motivo dessa atração sonora não foi descoberto. 

Depois de fazerem uma bateria de experimentos com insetos e cores, os pesquisadores descobriram que os insetos evitavam a cor roxo e que componentes ultravioletas e infra-vermelhos das cores pintadas, visíveis somente para os insetos, também tinham um impacto significativo: níveis mais altos de componentes UV e IR atraem mais insetos. Durante o dia ou a noite as cores influenciariam os insetos.

Para ler o resultado inteiro veja no site Springer 

Continuando com a aula de campo. Em seguida fomos conhecer o Projeto de Olho na Água, que fica localizado em Icapuí.

Imagem retirada do Google Maps
De Canoa Quebrada para Icapuí demora em torno de 50 minutos 

Logotipo do Projeto De Olho na Água

Um dos projetos mais bonitos, bem planejados e organizados que conheci e o principal, tem o apoio e a participação da comunidade local. Para conhecer o local acho que não é necessário reservar ou agendar uma visita, mas por via das dúvidas é bom ligar, quem sabe no dia que você for visitar os funcionários estejam executando umas das atividades do projeto.

Os objetivos do projeto são:
  1. Realizar o diagnostico ambiental da paisagem e de suas relações com unidades da paisagem, ecossistemas e águas do mar e da terra;
  2. Instalar a Estação Ambiental Mangue Pequeno para atuar como desencadeador de medidas e ações de monitoramento e recuperação ambiental do Mangue da Barra Grande;
  3. Implantar programas de captação, armazenamento e gestão das águas pluviais e de saneamento básico sustentável de baixo custo em três comunidades costeiras de Icapuí e 
  4. Monitorar as águas superficiais e subterrâneas, através da aplicação de novas tecnologia de uso racional dos recursos hídricos.

Palestras e cursos são oferecidos para a população e para os visitantes, estudantes e crianças recebem instruções sobre plantio da vegetação dos mangues, além do uso sustentável da água e em boas praticas para o futuro.

Uma passarela suspensa em forma de trilha leva os visitantes para dentro do mangue até o contato com o mar. Nessa passarela podemos ver o andamento da reocupação da vegetação em seu habitat natural, a presença de alguns peixes, crustáceos e alguns insetos, além de placas informativas sobre os outros animais estudados pelo projeto, como o peixe-boi, espécies de abelhas nativas da região, aves, repteis e outros animais.

Inicio da trilha através da plataforma suspensa

Trecho da plataforma

Trecho final da plataforma suspensa

O projeto apresenta algumas tecnologias alternativas que visam a sustentabilidade, como um viveiro de mudas com espécies nativas para refazer a cobertura vegetal do mangue, a coleta de água pelo telhado através de calhas e armazenado em cisternas, coleta de lixo seletiva, madeiras utilizadas na construção são de apreensão do IBAMA, banheiro ecológico, plantio de bananeiras através da água captada dos banheiros (Irck! Pior que as bananeiras são bem "cheinhas" de frutas).

O projeto ainda visa solucionar problemas com o esgoto urbano e de segurança no armazenamento e fornecimento eficiente da água.

Fim de um dia repleto de descobertas

Gostou do projeto?
Visite o site oficial: De Olho Na Água